No próximo dia 13 de agosto cumprem-se 103 anos, desde que foi criada a Junta Autónoma para as obras do Porto do Funchal.

Aquando das celebrações do centenário, a APRAM promoveu diversas iniciativas. Uma delas foi uma parceria com o Centro de Estudos de História do Atlântico que por sua vez, durante um ano, publicou várias temáticas relacionadas com o Porto do Funchal.

Recordamos aqui, embora parcialmente, um desses estudos realizado pela investigadora Graça Alves, PUBLICADO NO Anuário, n.º 5, 2013, e intitulado “Ao cair do texto, o porto (Visões literárias do Porto do Funchal sec. XVII-XX)”.

“A zona ribeirinha do Funchal começa, pois, a ser sentida como uma sala de visitas. Note-se que esta zona havia sido descurada, a avaliar por esta ob­servação:

O frontispício da cidade era emoldurado com uma praia inestética, onde se cultivavam abó­boras, pimpinelas e hortaliças, parecendo um lugar rústico e nunca arredores do cais da cida­de, onde diariamente desembarcavam os nos­sos visitantes.

O cais insuficiente para o movimento do porto foi mais tarde ampliado (n.r. O cais da Entrada da cidade foi aumentado com 80 metros e inau­gurada a obra, com grande satisfação para os funchalenses, em 28 de Maio de 1933, aniversá­rio da Revolução Nacional.)

                                                                                                                        (CALDEIRA, 1964: 7)

Horácio Bento de Gouveia acrescenta alguns pormenores na descrição deste cais: as escadas e o varão de ferro: A custo espreitou par ao patamar inferior da escada. (…) Frenética, esperou o primeiro gasolina de bordo do paquete(…) Debruçou-se do va­rão de ferro que resguarda a beira do cais (GOUVEIA, 1959: 157).

Das obras que analisámos, será o Conde do Fun­chal a dar-nos a notícia da inauguração oficial da obra, numa Reportagem de 244 páginas. Em tom jornalísti­co, faz a cronologia dos trabalhos, a lista das autori­dades presentes e as novas características do porto:

No dia seguinte, pela manhã, efectuou-se a inau­guração oficial da obra do porto do Funchal e da instalaçao para o fornecimento de combustível líquido à navegação. § Data de 22 de Março de 1756 a primeira ordem para estudo das obras e da exploração do porto do Funchal, emanada de D. José I, que em carta régia dessa data assim o determinou ao Governador e Capitão- gene­ral da Ilha da Madeira, Manuel de Saldanha de Albuquerque, nomeando, para assistir, riscar e delinear as obras, o engenheiro Francisco Tossi Colombina. As primeiras obras realizadas con­sistiram na ligação do ilhéu da Pontinha à terra e foram executadas entre os anos 1757 e 1762, há duzentos anos, portanto. § A cerimónia de entrega efectuou-se numa tribuna proposita­damente erguida no próprio cais, e logo após a chegada do Chefe de Estado, o Director Geral da Hidráulica, engenheiro Palma Carlos, leu a acta inaugural das obras do porto que resumi­damente consistiram em aumentar a área abri­gada de 13 hectares para 36 e de prolongar o cais acostável de 390 para 1000m.

(CONDE DO FUNCHAL, 1962: 199-200)

Por ele se sabe também que, no ato de inau­guração, usaram da palavra, o Presidente dos Portos da Madeira, o deputado Dr. Agostinho Cardoso e o Engenheiro Arantes e Oliveira, então Ministro das Obras Públicas. Do seu discurso, o Conde do Funchal destacou o seguinte excerto:

(...) fica o porto do Funchal a dipor de quase um quilómetro de cais acostável, na sua maior extensão, com profundidades que permitem a atracação de grandes navios. O importante au­mento da superfície dos terraplenos e da área abrigada darão a este porto condições de fun­cionamento satisfatório no futuro imediato(...) §Esta obra de ampliação do porto do Funchal ficará registada no número das mais gratas que têm sido confiadas ao Ministério das Obras Pú­blicas.

(CONDE DO FUNCHAL, 1962: 203)

A República tinha, finalmente, entendido a ne­cessidade desta obra, a avaliar pelas palavras do Pre­sidente da República, no encerramento da sessão: Esta ilha viveu muitos anos do turismo. E as como­didades do turismo moderno não dispensam um cais acostável nos portos, com abastecimentos rápidos de combustíveis (CONDE DO FUNCHAL, 1962: 203).

Entre crónicas, estórias e reflexões, Horácio Bento de Gouveia, regista um momento considerado muito importante na vida da ilha:

Amanhã se concretizará o acabamento do cais, o qual durante longos anos foi um desvairado sonho do madeirense. Quem haveria que não desejasse ter a sensação de demorar nele os olhos, embevecido!

(GOUVEIA, 1966: 154-155)

 

 

 

 

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