Raul Brandão, escritor nascido em 1867, no Porto, escreveu “As Ilhas Desconhecidas”, um livro publicado pela primeira vez, em 1926, que reúne notas e reflexões da sua viagem à Madeira e aos Açores.

Deixamos aqui um extrato do texto, onde fala com deslumbramento da baía do Funchal:

“Fundeamos e a Madeira abre-nos os braços, com a Ponta do Garajau num extremo, e a Ponta da Cruz no outro extremo. Adivinho as casas, que por ora são fantasmas e descem lá do alto até à praia. Agora o tom cinzento desapareceu, domina o azul e o oiro, e na minha frente o grande anfiteatro verde dos montes ergue-se como um altar até ao céu. É uma serra a pique, é uma serra voluptuosa e verde que se oferece lânguida e verde. Ao meio, um grande monte entreaberto; por trás a montanha enorme e escalvada. Algumas colinas vão terminar no farol e no forte sobre um penedo destacado e corroído. Fico todo o dia a bordo, deslumbrado, contemplando a Madeira, a embeber-me no espectáculo da luz, que passa do cinzento ao azul, que ganha todos os tons e se modifica a todos os momentos, até ao fim da tarde, em que o mar se torna diáfano e os montes transparentes, com uma grande nuvem pousada em cima.”

 

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